FRANCICLÁUDIO – Para a equipe, surgiu da necessidade de inovar e informar, no sentido de educar as pessoas a construírem opiniões próprias diante dos fatos que afetam o dia-a-dia dela. Para mim, particularmente, surgiu como parte de um objetivo pessoal, recém-aprovado no vestibular: Não apenas cursar uma faculdade, mas utilizar isso pelo bem da minha comunidade.
O ALERTA - O que o levou a lançar um jornal no bairro de Pau Brasil?
FRANCICLÁUDIO – Alguém precisava mostrar que as pessoas daquele bairro, tão discriminado, sabem pensar e agir sem interesses ‘politiqueiros’ por trás. Quanto à equipe que escreve o jornal, são jovens que gostam de fazer mais pelo lugar.
O ALERTA -Antes de ingressar na faculdade de jornalismo, você já tinha pretensão de fazer algum tipo de informativo em seu bairro?
FRANCICLÁUDIO – Ah, sim era uma idéia antiga do meu grupo. Só precisávamos de alguém que nos fornecesse ao menos as cópias. Quando esse alguém apareceu, relatamos nossas condições de independência de interesses e, sendo aceitas, agarramos a oportunidade.
O ALERTA - Qual o seu curriculum escolar?
FRANCICLÁUDIO – Sempre estudei em escola pública, quase sempre no CAIC. Fiz cursos gratuitos, como informática Básica na Fundação Zé da Bicicleta e sempre fui adepto à atividades voluntárias que me proporcionaram muito conhecimento. Ao final do 2º grau, ingressei como ouvinte no Instituto Pio XII, por meio do, até então, Mons. Canindé Palhano.
O ALERTA - Quais os planos dessa equipe que edita o Informativo Força Jovem?
FRANCICLÁUDIO – Há uma pretensão de tornar o ‘jornalzinho’ em formato e periodicidade maiores. Se tivéssemos recursos, certamente, já cobriríamos toda a cidade. É que tudo surgiu como um hobby e, de repente, alcançou uma repercussão que nos faz querer ir além.
O ALERTA - O Informativo tem trazido soluções para os inúmeros problemas que são denunciados?
FRANCICLÁUDIO – Quando mostramos os problemas, também apontamos possíveis soluções e tentamos ouvir o lado denunciado (que dificilmente nos dá explicações). Na maioria das vezes, perguntamos aos próprios moradores o que eles sugerem.
O ALERTA - Qual a sua satisfação como editor e idealizador do informativo?
FRANCICLÁUDIO – Para mim é um laboratório para abraçar a profissão e entender com as coisas funcionam. Quando leitores cobram de nós o seu jornalzinho ou nos procuram sugerindo o que escrever, é a sensação de dever cumprido. Quando pessoas que nem conhecemos nos felicitam pelo trabalho, é a sensação de estarmos no caminho certo. Sentir-se útil é para as pessoas é mais que fundamental.
O ALERTA - Como vocês elaboram a pauta do que será publicado no informativo?
FRANCICLÁUDIO – Realizamos, no dia da entrega do jornal, uma reunião de pauta, onde discutimos a edição a ser distribuída, apresentamos novos assuntos, sugestões recebidas e dividimos as pautas e as duplas, para procurarem as fontes, fotografar, entrevistar e ouvir as pessoas. Cada um digita sua matéria e passa para mim. Eu faço a edição e diagramamos juntos.
O ALERTA - Quais as maiores dificuldades encontradas pela equipe para que o informativo circule quinzenalmente?
FRANCICLÁUDIO – Não temos computador e nem local próprio para trabalhar. Isso nos limita e nos faz perder tempo. Fazemos todo o trabalho no computador de um amigo. Não tem como não percebermos que, sem computador e internet, ficamos muito limitados. Mas esse é nosso próximo objetivo. O primeiro foi adquirirmos uma máquina digital e conseguimos.
O ALERTA - Como editor, o que está faltando em São José de Mipibu?
FRANCICLÁUDIO – Falta agilidade e pulso firme para pensar mais alto e fazer mais. Apega-se muito a coisas pequenas que não dão perspectivas para as pessoas acreditarem em ter um futuro melhor na cidade. Por exemplo, acho difícil eu sobreviver em São José como jornalista. Tantas pessoas estão se formando e se capacitando, mas será que a cidade oferece um contexto adequado para esses profissionais? Entretanto, acredito em novas forças que parecem estar surgindo...
O ALERTA - E no bairro de Pau Brasil?
FRANCICLÁUDIO – Lá, falta acreditar nas pessoas. As pessoas de lá são capazes, não são marginais ou favelados. Elas valem muito mais do que um sacolão, cem reais de projetos ou Bolsa família ou qualquer trocado em dias de eleições. O problema é que quando estas pessoas dão um passo além, simplesmente são ignoradas ou reprimidas. Infelizmente, não dá pra fazer muito, mas mostrando que apesar das dificuldades posso ir mais longe do que o contexto de vida que me foi imposto oferece, sem acreditar nesse conceito que ‘batizaram’ aquele bairro, outros começam a acreditar também. E isso é muito satisfatório.