domingo, 4 de julho de 2010

TEXTO - ARTIGO: A liberdade que em si renuncia

“Só a liberdade é capaz de renunciar à liberdade”. A atualidade valoriza a libertinagem. Existe uma confusão do conceito ou do significado de liberdade. Esta já não gera sentido para a vida. O atrofiamento deste bem tão humano está em crise. Apesar da ilusão de que existe a Era da liberdade! Mas onde estar esta bela senhora? Procure quem a tem e já não a encontrará. Existe um joguete iniciado na Revolução francesa que se tornou esdrúxulo com a Posmodernidade. A liberdade foi violentada pela libertinagem. Esta é fruto do apagão da racionalidade da verdade. Sem o referencial da subjetividade objetivada, a liberdade resta sem consistência. Então como pensá-la? Como tê-la? Como sê-la? Ela é o objeto dos anseios de uma individualidade que não existe.


Então existe uma possibilidade que estar sendo sutilmente eclipsada, a saber: “conhecereis a verdade e ela vos fará livre” (Jo 8,32). A possibilidade única da conquista da liberdade é o encontro com a Verdade. Esta é uma experiência da pessoa consigo. Quem renúncia ao próprio desejo é livre. Existe uma ordem antropológica para essa necessidade. Ela só é real porque o homem deseja o infinito e por ele tenta superar a si mesmo. A liberdade será sempre um transcendental que não nega o transcendente. Este não nega o Outro; mas com ele e através deste se realiza e concretiza-se como forma universal.

O relativismo desfigurou a liberdade. Com este, estão a negar a dignidade da pessoa. No coração da sociedade a liberdade deveria ser o amor. A harmonia social deveria ser a conseqüência da liberdade que se constrói a si mesma. O risco do aprisionamento do existir que segue do ser estar violentado e covardemente manipulado. O conceito de liberdade se perdeu pelo que é-lhe extrínseco. La “liberte” revolucionária ainda não encontrou o caminho proporcionador da igualdade e, conseqüentemente, da solidariedade. O Cristianismo é necessário e urgente para salvação e libertação do Ocidente. O comprometimento da Era da Razão na Hipermodernidade, com um novo humanismo, é exigido. Onde vamos encontrá-lo? Na feira da cibernética?! Oxalá! O que se ver é uma pseudo-liberdade destruindo as condições de realização da Condição Humana. O ser humano precisa exercer o grande dom que Deus concedeu-lhe ao criá-lo com inteligência e vontade. O exercício do Livre Arbítrio necessita Ser com o amor e a razão. As análises biopsicológicas não podem ser determinantes na qualificação da experiência humana em sociedade. Hoje existem questionamentos antropológicos e existenciais que levarão, num futuro bem próximo, a uma necessária e urgente reflexão acerca da complexidade da vida humana e o papel da religião como meio de harmonização desta com o cosmo e consigo. É necessária uma específica retomada do Cristianismo como raiz da cultura ocidental que lhe confira uma condição dialética de busca constante de realização do finito até o infinito, pela liberdade.

Por isso, os paradigmas quebrados na Modernidade estão tendencialmente levando o ser humano ao desequilíbrio pessoal, grupal e agora, mais universalmente, ecológico. A nossa liberdade deve nos levar ao Bem. O cuidado e o amor ao semelhante é a via mais digna da vivência desta dádiva tão preciosa que Deus nos concedeu. Quem O nega não sabe nem saberá o que fará com esta Liberdade. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibú-RN

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...