Artigo
Na contemporaneidade, os meios de comunicação são de suma importância para a formação da mentalidade de que o mercado liberal e suas adjacências são necessários para a felicidade do homem. Eles fortalecem o sistema e, em contrapartida, são fortalecidos por este. Há uma conveniência de interesses e auto-sustentação. Estes instrumentos influenciam diretamente no poder de consumo da sociedade. Hoje, mais do que nunca, estes veículos, que se distanciam cada vez mais da sua principal finalidade, que é de informar a ‘Verdade’, enveredam pelas vias dos interesses de grupos empresariais, grupos políticos, especuladores da economia, contadores de ‘estórias’etc, ou seja, mostram à sociedade o superficial como se fosse essencial e real.
O Papa João Paulo II, de saudosa memória, quando escreveu aos responsáveis pelas comunicações sociais disse que “o desenvolvimento positivo dos meios de comunicação a serviço do bem comum é uma responsabilidade de todos e de cada um. Pelos fortes laços que os meios de comunicação têm com a economia, com a política e com a cultura, é necessário um sistema de gestão que esteja em condição de salvaguardar a centralidade e a dignidade da pessoa, o primado da família, célula fundamental da sociedade, e a correta relação entre os diversos sujeitos”. Mas como essa conciliação vai acontecer se estes meios de comunicação estão se prostituindo cada vez mais, já que normalmente já nascem dentro de esquemas corroídos por muitos que precisam ‘disfarçar o real pelo virtual’? Estes dilemas nos impõem uma reflexão. O Papa diz que algumas escolhas são necessárias e são redutíveis a três opções fundamentais: a) formação, b) participação e c) diálogo.
“Em primeiro lugar, é preciso uma vasta obra ‘formativa’ para fazer com que os meios de comunicação sejam conhecidos e usados consciente e devidamente. As novas linguagens por eles introduzidas modificam os processos de aprendizagem e a qualidade das relações humanas, e, por isso, sem uma formação adequada corre-se o risco de que eles, em vez de estarem a serviço das pessoas, cheguem a instrumentalizá-las e condicioná-las inadequadamente. Em segundo lugar, diz o pontífice, quero chamar a atenção sobre o acesso aos meios de comunicação e sobre a participação co-responsável na sua gestão. Se as comunicações sociais são um bem destinado a toda humanidade, são encontradas formas sempre atualizadas para tornar possível uma participação ampla na sua gestão, também através de oportunas providências legislativas. É preciso fazer crescer a cultura da co-corresponsabilidade. Por último, não são esquecidas as grandes potencialidades que os meios de comunicação têm para favorecer o diálogo, tornando-se veículos de conhecimento recíproco, de solidariedade e de paz (João Paulo II)”.
Por fim, estas inquietações podem fazer parte da vida daqueles que ainda tem responsabilidade profissional. Mesmo dentro de estruturas massificantes e permeadas de grandes confrontos morais, ainda há a possibilidade de que a liberdade de consciência ilumine a vida e a dignidade de muitos profissionais amantes da Verdade. Ela tem uma fonte e, esta, é inesgotável. Quando não aparece de um modo, aparece de outro. Os desmandos e estratagemas da mediocridade não podem perpetuar o que é próprio da leviandade. Sendo assim, confiemos que esses maravilhosos mecanismos mostrem ao mundo o que realmente vale a pena ser visto. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibu-RN
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