Por Cláudio Oliveira (publicado neste blog em 24/10/2010)
Pesquisando sobre o que estão escrevendo sobre Mipibu fora dela, me deparei com o blog do Ralph Giesbrecht, um químico de São Paulo, SP, Sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo desde 2006 e escritor de três livros sobre ferrovias e também da biografia de seu avô Sud Mennucci. Ao pesuisar sobre a cidade, em 03 de abril de 2010, ele constatou o seguinte:
"São José do Mipibu, ou de Mitibu, não sei o nome correto, é uma cidade do Rio Grande do Norte da qual eu jamais havia ouvido falar até hoje de manhã. História, pouca.Alguns comentam que a cidade era bastante próspera, tendo possuído engenhos de açúcar, dos quais somente um ainda trabalha. O resto fechou e hoje são ruínas ou as casas têm outros usos. Com isso, a cidade decaiu e teve uma recuperação na época da Segunda Guerra Mundial, com a chegada de soldados americanos.Alguns ainda falam que a arquitetura característica da cidade nessa época praticamente acabou: as casas foram demolidas ou reformadas para se parecerem com a arquitetura americana.Disseram ainda que a cidade atingiu o máximo de sua decadência com a desativação da ferrovia. Se bem que esse fechamento foi de trens cargueiros — trens de passageiros não passavam por ali desde por volta de 1980, mesmo. Depois, nem a CBTU quis.Li ainda sobre alguns políticos que querem que a CBTU prolongue sua linha até a cidade — não é muito, são 40 quilômetros. Porém, com economia fraca e pouca gente na cidade, o prejuízo seria forte para a operadora.Também verifiquei que havia um concurso público para a Prefeitura na cidade. Os salários não passavam de 500 reais, sendo que os mais baixos estavam na faixa de 350 reais. Não entendo isso — o salário mínimo está na faixa de 480 reais; como pode a Prefeitura oferecer menos ainda?Com esses salários, não há mesmo como viver. Se São José do Mipibu (ou Mitibu) fosse a única cidade do Brasil nessas condições, mas, infelizmente, não é. Há muitas mais.E eu continuei sem nenhuma informação que possa incluir na página da cidade em meu site de estações. Com salários desses, sem história recente, sem economia, sem ferrovia, com população baixa, parece que, realmente, a cidade vai ter muito o que fazer para um dia se recuperar. E eu para conhecê-la, visto que estou a mais de 3 mil quilômetros de distância dela."
É lamentável que sejam essas as características que alguém que não conhece a cidade acabe descobrindo sobre a mesma. Infelizmente não temos muito o que argumentar contra o que o sr. Giesbrecht relatou sobre Mipibu. Será que não é hora daquelas pessoas que realmente pensam na cidade formar uma corrente para tentar mudar essa imagem, independente de interesses político-partidários???
2 comentários:
Gostei das observações! Merece uma chamada de atenção de quem poderia mostrar uma outra feição de Mipibú. "O desenvolvimento é um dos novos nomes da paz (Paulo VI)".
Pe. Matias
Pároco
Parabéns por essa postagem. Eu achei magnífico. É exatamente isso. Nossa cidade não tem memória. Não há registro histórico. Não há incentivo para isso. O relato desse estudioso é a verdadeira visão de quem vê de fora para dentro. E o que ele vê é que a nossa cidade quase não existe, pois não há registro histórico suficiente para divulgá-la. Veja só, ele tem dúvidas sobre o nome da cidade (nesse caso seria fácil para ele tirar essa dúvida consultando o site do IBGE). De qualquer maneira, essa é uma demonstração da impressão que os curiosos têm da nossa cidade. É uma pena, e revela, mais uma vez, a falta de planejamento em que vive a nossa cidade. Os gestores públicos municipais não sabem de onde vinhemos, nem para onde vamos. E todos nós pagamos por isso.
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